O sanitarista é aquele profissional que trabalha com a medicina e saúde pública, devendo ser capaz de fazer o diagnóstico das condições de saúde local, colocar os problemas dentro de uma ordem de prioridades, propor medidas e estimar os recursos necessários ao equacionamento e solução dos problemas da região, além de administrar atividades correspondentes.
A trajetória de Oswaldo Cruz e a sua luta como médico sanitarista no século 19
Oswaldo Cruz, filho do médico Bento Gonçalves Cruz e de Amália Taborda de Bulhões Cruz, nasceu no dia 5 de agosto de 1872, na cidade de São Luís de Paraitinga, São Paulo, onde viveu até 1877, quando seu pai mudou-se para o Rio de Janeiro. Cursou o primário no Colégio Laure. Mais tarde, estudou no Colégio São Pedro de Alcântara e, depois, no Externato Pedro II, onde se preparou para prestar os exames para as escolas superiores.
Em 1887, aos quinze anos, ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Antes de concluir o curso já publicara dois artigos sobre microbiologia na revista Brasil Médico. Formou-se em 24 de dezembro de 1892, defendendo a tese "Veiculação Microbiana pelas Águas". Seu interesse pela microbiologia levou-o a montar um pequeno laboratório no porão de sua casa. Contudo, a morte de seu pai, no mesmo ano de sua formatura, impediu temporariamente o aprofundamento de seus estudos. Somente em 1896 pode realizar seu sonho: especializar-se em Bacteriologia no Instituto Pasteur de Paris, que na época reunia grandes nomes da ciência.
Ao voltar da Europa, Oswaldo Cruz encontrou o Porto de Santos assolado por violenta epidemia de peste bubônica e logo se engajou no combate à doença. Para fabricar o soro antipestoso foi criado, em 25 de maio de 1900, o Instituto Soroterápico Federal, instalado na antiga Fazenda de Manguinhos, tendo como diretor geral o Barão de Pedro Afonso e como diretor técnico o jovem bacteriologista. Em 1902, assumiu a direção geral do novo Instituto. Este, por sua vez, ampliou suas atividades, não mais se restringindo à fabricação de soro antipestoso, mas dedicando-se também à pesquisa básica aplicada e à formação de recursos humanos.
Em 1903, Oswaldo Cruz foi nomeado Diretor Geral de Saúde Pública, cargo que corresponde atualmente ao de Ministro da Saúde. Utilizando o Instituto Soroterápico Federal como base de apoio técnico-científico, deflagrou memoráveis campanhas de saneamento. Em poucos meses, a incidência de peste bubônica foi reduzida com o extermínio dos ratos, cujas pulgas transmitiam a doença.
Ao combater a febre amarela, na mesma época Oswaldo Cruz enfrentou vários problemas. Grande parte dos médicos e da população acreditava que a doença era transmitida pelo contato com roupas, suor, sangue e secreções de doentes. No entanto, Oswaldo Cruz acreditava em uma nova teoria: o transmissor da febre amarela era um mosquito. Assim, suspendeu as desinfecções, método tradicional no combate à moléstia, implantando medidas sanitárias (brigadas para eliminar focos do inseto em casas, jardins, quintais e ruas) e impedindo a manutenção de águas estagnadas, em que se desenvolviam as larvas dos mosquitos. Sua atuação provocou violenta reação popular.
Em 1904, a oposição a Oswaldo Cruz atingiu seu ápice. Com o recrudescimento dos surtos de varíola, o sanitarista tentou promover a vacinação em massa da população. Os jornais lançaram uma campanha contra a medida. O congresso protestou e foi organizada a Liga contra a vacinação obrigatória. No dia 13 de novembro estourou a rebelião popular (a Revolta da Vacina) e, no dia 14, a Escola Militar da Praia Vermelha se levantou. O Governo derrotou a rebelião, mas suspendeu a obrigatoriedade da vacina.
Mas Oswaldo Cruz acabou vencendo a batalha. Em 1907, a febre amarela estava erradicada no Rio de Janeiro. No mundo científico internacional, seu prestígio era já incontestável. Ainda em 1907, recebeu a medalha de ouro no XIV Congresso Internacional de Higiene e Demografia de Berlim, pelo trabalho de saneamento do Rio de Janeiro. Oswaldo Cruz ainda reformou o Código Sanitário e reestruturou todos os órgãos de saúde e higiene do país.
Em 1908, uma epidemia de varíola levou a população aos postos de vacinação. O Brasil finalmente reconhecia o valor do sanitarista. Nesse mesmo ano, o Instituto Soroterápico Federal foi rebatizado como Instituto Oswaldo Cruz.
Em 1909, Oswaldo Cruz deixou a Diretoria Geral de Saúde Pública, passando a se dedicar apenas ao Instituto, onde lançou importantes expedições científicas que possibilitaram a ocupação do interior do país. Erradicou a febre amarela no Pará e realizou a campanha de saneamento da Amazônia. Como conseqüência, as obras da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, cuja construção havia sido interrompida pelo grande número de mortes de operários pela malária, puderam ser finalizadas.
Em 1913 foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras.
Em 1915, por motivos de saúde, abandonou a direção do Instituto Oswaldo Cruz e mudou-se para Petrópolis. Como prefeito daquela cidade traçou vasto plano de urbanização, que não pode ver executado.
Oswaldo Cruz morreu de insuficiência renal em 11 de fevereiro de 1917, em Petrópolis, com apenas 44 anos.
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