A Organização Mundial da Saúde (OMS) denunciou ontem as "estratégias agressivas" de publicidade e marketing das empresas de cigarro para incentivar mulheres a fumar e fazer com que o hábito seja aderido em idades cada vez mais adiantadas.
Pela ocasião do Dia Mundial Sem Tabaco, a ser comemorado neste domingo, dia 30 de maio, a OMS declarou que "fumar é desagradável, mortal e vicia" e não é "um sinal de independência, de poder ou de sofisticação", como a indústria tenta mostrar.
O diretor da "Iniciativa Livre de Tabaco" da OMS, Douglas Bettcher, revelou que os últimos dados indicam que a taxa de mulheres fumantes ainda é baixa (9%) se comparada com a de homens (40%).
Estas porcentagens mostram que de um bilhão de pessoas que fumam no mundo, cerca de 200 milhões são mulheres, diferença que os fabricantes de tabaco veem como uma grande oportunidade para expandir seu mercado.
A diferença se reduz quando se trata de mortes pelo tabaco, que são cinco milhões a cada ano, das quais 1,5 milhão são mulheres, embora, sem medidas mais drásticas para limitar o tabagismo, a OMS estime que o número de vítimas fatais chegará a oito milhões em 2030, a maioria em países em desenvolvimento.
É esse grupo de países - de classe média e baixa - o alvo das "estratégias predatórias" das companhias de tabaco para "manter seu motor de rentabilidade", disse Bettcher.
Um recente estudo realizado em 151 países entre adolescentes de 13 a 15 anos revelou outro dado extremamente alarmante, que na metade desses países a proporção de meninas que fumam é maior do que a de meninos.
O desejo das jovens de participar das tendências "da moda", a ideia que fumar equivale a ser uma mulher "liberada" e que diminui o apetite, o que favoreceria as silhuetas magras, são algumas das razões argumentadas para que cada vez mais meninas passem a ser fumantes, segundo a OMS.
As oportunidades nesse segmento são amplas para a indústria se for considerado que na Índia e na China - os dois países com maiores níveis de tabagismo - 60% dos homens fuma, frente a entre 3% e 5% de mulheres.
Assim, os mercados dos países em desenvolvimento são particularmente atrativos em comparação ao declínio do tabagismo em grande parte dos países industrializados nos últimos 20 anos, um resultado de políticas mais e mais restritivas contra o tabaco.
A indústria do tabaco, "principalmente Philip Morris e British American Tobacco, também tem uma clara estratégia" para conquistar o mercado feminino na América Latina, o que está conseguindo, segundo se deduz do fato de que no Chile, Colômbia, México, Uruguai, Argentina e Brasil as meninas que fumam são mais do que os meninos, sustentou Bettcher.
"É preciso lembrar que o tabaco mata aproximadamente a metade dos fumantes e, portanto, a indústria tem que substituir esses usuários.
E onde os substitui? Nas duas populações que são mais propensas a fazê-lo: os jovens e as mulheres", explicou à Agência Efe o gerente do Programa de Controle do Tabaco da OMS, Armando Peruga.
Ele disse que outro dado alarmante é o do número de mulheres que "fumam" passivamente, o que significa 64% dos 430 mil que morrem por exposição à fumaça de um fumante.
Apesar dos esforços internacionais contra o tabagismo e de estar há cinco anos em vigor a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT), só 26 países - com uma população que mal representa 9% do planeta - aplicam proibições efetivas a todo tipo de publicidade sobre o tabaco.
No resto do mundo, esse tipo de normas são inexistentes ou pouco efetivas, enquanto as empresas de cigarro inovam cada vez mais suas estratégias para incentivar consumidores.
Como um exemplo, Bettcher denunciou a "propaganda rosa" que as companhias usam no Japão, onde utilizam a cor para embrulhar os maços de cigarros ou usam publicidade em massa inclusive nos transportes públicos.
Já no Egito, alguns maços de cigarro adotaram a forma de caixas de perfumes para atrair o público feminino.
fonte: Terra
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