1 de maio de 2010

Déficit de atenção atinge crianças em idade escolar. Saiba identificar


O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um distúrbio de difícil diagnóstico que atinge cerca de 6% da população infantil brasileira, estimam especialistas. O problema é facilmente confundido com outras patologias por pais e professores, que nem sempre estão atentos ou preparados para lidar com a dificuldade encontrada pela criança e saber como se deve lidar com o distúrbio.

O psiquiatra Ênio Roberto de Andrade, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, explica que as crianças com esse problema ficam mais agitadas e ensina algumas dicas para identificar.

“A criança portadora do TDAH apresenta seis ou mais sintomas persistentes, que podem ser isolados ou combinados, de inquietação, desatenção e impulsividade”, alerta o doutor. De acordo com o médico, a desatenção é mais predominante nas meninas e a inquietação é o sintoma mais presente nos meninos.

O psiquiatra salienta que as crianças com esse transtorno têm atitudes que as diferenciam de outras. “A criança com TDAH é mais agitada, é incapaz de concluir uma atividade, tem dificuldade de aprendizado, possui dificuldades de relacionamento na escola e em casa e perde objetos com facilidade”, explica.

Os professores conseguem fazer o diagnóstico da presença da síndrome de uma maneira mais rápida, pois costumam ter em sala de aula alunos com esses sintomas. “O comportamento da criança, às vezes, passa despercebido pelos pais. Quando ela entra na escola, os sintomas se tornam evidentes, pois a sua atenção é mais exigida e é preciso permanecer por mais tempo num mesmo lugar”, esclarece Andrade.

As causas do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade podem ser genéticas ou relacionadas ao ambiente em que as crianças vivem. “Filhos de pais hiperativos têm grandes chances de ter o transtorno. Porém, somente o fator genético não é responsável pelo surgimento do TDAH”, afirma o médico. Andrade cita ainda que lares desestruturados e com problemas afetivos podem desencadear a síndrome.

De acordo com o psiquiatra, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade não tem cura, mas existem tratamentos à base de remédios ou terapia cognitivo-comportamental para melhora dos sintomas. “Tratamentos farmacológicos são recomendados para crianças, em torno dos seis anos. Os cognitivo-comportamentais orientam não só as crianças, mas também os pais, sobre como agir no cotidiano",finaliza o psiquiatra.

Em Casa
Ela tem 38 anos, é consultora de uma marca de cosméticos, é mulher. Mas, nesse momento, ela prefere ser chamada de Mãe. Vera, (nome fictício), é mãe de três filhos, dois meninos e uma menina.
Há algum tempo ela percebeu que um dos filhos, Lucas, vamos tratá-lo assim, não parava em frente à televisão para assistir um desenho até o final, ou que não conseguia ter a concentração necessária para estudar. Vera conta que quando o filho começou a estudar recebia bilhetes quase todos os dias da professora e não lembrava de mostrar para a mãe. ”As reclamações eram sempre as mesmas, falta de atenção, dispersão, inquietude, falava demais”. Nada muito incomum para uma criança que está começando a vida escolar, descobrindo novos amigos. Mas, o que despertou a atenção de Vera de maneira definitiva, foi em uma festa de aniversário. “Ele foi a única criança a não ficar até o final durante o parabéns. Ele já estava correndo de um lado para o outro... “ relata a mãe, preocupada.
A partir desse episódio, Vera decidiu buscar ajuda. Primeiro foi falar com a professora e a diretora da escola. Lá, elas a aconselharam a buscar ajuda especializada. “Elas explicaram que tinha um tal de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e que seria legal eu consultar um psicólogo.”
Vera conta que ficou receosa no início, mas que foi buscar ajuda e teve a confirmação de que o filho sofria da síndrome de Déficit de Atenção e Hiperatividade. “Para uma mãe, seu filho nunca será considerado "anormal". E é a primeira coisa que você pensa quando ele é diagnosticado com o TDAHI, porque a partir daí, inicia-se um longo tratamento."
O tratamento no Lucas começou a dois anos, ele tem tomado remédios para controlar a Hiperatividade, conta com um acompanhamento psicoterapêutico. O trabalho desenvolvido com Lucas é o da Terapia Cognitivo Comportamental e ajuda o menino a controlar a síndrome.
Ela conta que procurou uma escola com profissionais capacitados que auxiliam no tratamento e sabem lidar com a criança. “Pesquisei e achei uma escola comprofissionais apropriados para a educação do meu filho, porque é muito difícil educar uma criança assim, o profissional tem que ter uma formação diferenciada”.
Desde o início do tratamento, há dois anos, Vera já nota melhoras significativas do filho. “Agora ele está mais concentrado. Quando vai fazer uma lição da escola, senta na cadeira, faz um pouquinho, levanta e depois volta." Ela conta ainda que seu filho tem se comportado melhor nas festas e jantares familiares , “ele não está mais tão "impossível". Antes, ele não deixava ninguém completar uma frase, já se intrometia no assunto. Agora, ele fica mais quieto”, brinca Vera.

Na Escola
A maior dificuldade encontrada por um aluno quando ele tem TDAHI aparece na sala de aula. A criança tem dificuldade de concentração, não consegue parar quieta na carteira, distrai-se com muita facilidade. A orientadora educacional do Colégio Singular Anglo, Renata Lourenço, esclarece como o professor deve agir se notar que o aluno tem maiores dificuldades de aprendizagem “O professor pode fazer um acompanhamento próximo em sala de aula, perceber as dificuldades do aluno através da tarefa de casa, do desempenho em exercícios na lousa ou na própria carteira em que o aluno está sentado”, alerta Renata.

Constatada a dificuldade encontrada pela criança, o pedagogo deve seguir alguns passos para que esse aluno seja auxiliado da maneira mais correta e sem prejudicar o relacionamento da criança com o ambiente escolar. “Ele deve sempre encaminhar esse quadro junto com a coordenação pedagógica ou com a orientação educacional, que vão chamar a família, contar como que a criança está se desenvolvendo ou não e, então,encaminhá-la para uma avaliação psicológica ou psicopedagógica”.

O professor tem que estar preparado para ajudar a criança em possíveis necessidades, mas isso não significa que o aluno deve ser tratado de forma diferente dos colegas de sala. "O aluno nunca deve ser tratado de forma diferente da turma, afinal ele tem apenas um aspecto que ele tem uma necessidade, ele precisa de um atendimento diferenciado, mas ele é uma criança normal, ele deve ser tratado como todos os outros. Com atenção, com respeito, com cuidado pra que não que ele se sinta diferente, mas sim que ele se sinta atendido nas suas necessidades” ressalta a orientadora.

Ela ainda avalia que o acompanhamento mútuo e a troca de informações, entre os profissionais, deve sempre acontecer para que o tratamento tenha um resultado positivo. “Ele (o psicólogo) deve vir até a escola passar dicas de como essa criança está no processo individual dentro de um consultório, como que esse profissional está trabalhando com essa criança. Então, a escola, o profissional e a família vão fazer um trabalho conjunto”, avalia Lourenço.

fonte: DiegoCastanheira,KallynaSabino,MayaraVolpe para RudgeRamosOnline

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