30 de novembro de 2010

Síndrome de Nicolais-Baraitser


No espaço de um ano, o geneticista Sérgio Sousa foi distinguido internacionalmente duas vezes pela investigação que tem realizado sobre a rara síndrome Nicolais-Baraitser. São agora conhecidos 40 casos em todo o mundo, mas antes do estudo deste português tinham sido diagnosticados apenas quatro.

Recentemente foi-lhe atribuído o Prêmio John M. Opitz Young Investigator, graças a um artigo publicado na revista "American Journal of Medical Genetics". Sérgio Sousa (foto) encarou-o como um “estímulo” para continuar trabalhando. Na sua área, “é o melhor prêmio que se poderia receber, ainda mais por vir de um país [EUA] onde a investigação em genética já tem um grande história” - diz, revelando sua satifação.

A investigar a doença em Londres, onde em 2009 iniciou um projecto de doutoramento no Institute of Child Health (University College London), o médico do hospital pediátrico de Coimbra conseguiu identificar as suas características, um trabalho nunca antes realizado.

“É uma síndrome malformativa que se manifesta desde o nascimento. Apresenta-se com disformismos faciais e físicos, atrasos mentais, graves dificuldades na fala, microcefalia, enrugamento progressivo da pele e convulsões”, explicou o geneticista de 32 anos, acrescentando que “é provável que os seus portadores tenham uma esperança média de vida reduzida” devido aos múltiplos problemas de que sofrem.

Síndrome de Nicolais-Baraitser
Investigador referiu que, apesar dos problemas graves, as crianças com esta doença são muito felizes

O Investigador referiu ainda que, apesar dos problemas graves, as crianças com esta doença são muito felizes.
Em Portugal, onde reside o pesquisador, não há casos diagnosticados, mas há “suspeitas”, esclareceu o médico, que ainda não realizou testes que possam confirmar as suas dúvidas. Além disso, uma vez que é uma doença rara e pouco conhecida, o diagnóstico “torna-se mais difícil”, podendo haver muitos mais casos do que os que foram revelados.



Artigo elucidou muitos especialistas
A descrição e caracterização clínica é um passo fundamental para que novos casos sejam descobertos. “Antes do meu artigo, as pessoas não estavam muito alerta”, algo que começa a acontecer com os resultados agora divulgados. Os próprios pais de crianças que têm essa síndrome começam a ser capazes de fazer o diagnóstico e médicos de várias partes do mundo têm contatado Sérgio Sousa no sentido de lhe pedir esclarecimentos sobre o assunto.

O geneticista está agora trabalhando no sentido de desvendar as causas da síndrome e, embora haja fortes suspeitas de que sejam genéticas, ainda não foi possível sabê-la com certeza.

Sem baixar os braços, Sérgio Sousa tem a esperança de, dentro de seis meses, resolver este mistério. Neste momento, tem a colaboração de centros da Holanda e da Bélgica que, através de meios mais avançados de sequenciação do genoma, estão o ajudando a descobrir o que está na origem desta síndrome e também a detectar casos mais leves. Além disso, caso esta descoberta seja bem-sucedida, poderá ser viável, daqui a uns anos, obter uma forma de impedir a doença.


Começando do zero

Disformirmos da Síndrome Nicolais-Baraitser
Disformismos físicos são uma das formas 'visíveis' da doença
Até há três anos, o investigador sabia muito pouco sobre o assunto pelo qual foi agora premiado. Tudo começou num estágio que estava realizando em Londres, no Great Ormond Street Hospital for Children, o maior hospital pediátrico da Europa.

“Eu e Raoul Hennekam (um dos mais conceituados dismorfologistas do mundo) vimos um doente que levantou suspeitas de ter a doença e me interessei pelo assunto. Ao pesquisar, descobri que havia muito pouca informação e decidi debruçar-me sobre isso”, explicou.

Na investigação foram envolvidos doentes de 15 nacionalidades. “Fui a casa da primeira pessoa a quem a doença foi diagnosticada, contatei médicos e hospitais, sobretudo no Reino Unido, Holanda e França” na expectativa de “descobrir” pessoas que tivessem características correspondentes à síndrome Nicolais-Baraitser.

Foi assim que se iniciou este trabalho, desde 2007, para identificar de que forma a doença se manifesta nas crianças, com o intuito de haver um melhor diagnóstico. Atualmente, Sérgio Sousa está em Londres investigando também outras síndromes cuja causa ainda não é conhecida e que são ainda mais raros.


Impacto nas famílias
O estudo do português tem tido muito impacto sobretudo na vida dos doentes e dos seus familiares. Estes tem se unido e criado fortes relações. Já foi realizado um encontro mundial, no Reino Unido, com os pais de portadores desta doença, “que se sentem reconfortados por alguém dar atenção a este problema e se dedique a estudá-lo”, contou o investigador. Além disso, já foi criada uma associação de pais de portadores da síndrome Nicolais-Baraitser, um grupo na rede social Facebook e na Wikipédia.


fonte: CienciaHojePT

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1 comentários:

josiane bezerra disse...

o brigado fico muito feliz de saber que pessoas como vc usa a sua inteligÊncia para nortear as pessoa e pode fazer um bem paraben que DEUS ti ulumine

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