24 de janeiro de 2010

24 de janeiro. Dia Mundial do Hanseniano


O hanseniano é o portador da hanseníase, que antigamente era chamada de "lepra", palavra que surgiu da tradução para o grego da palavra tsara-ath, um termo hebreu para "degradação". Era uma palavra utilizada desde os tempos da construção da pirâmide de Gizé, no antigo Egito, há mais de seis mil anos. Os trabalhadores escravizados e submetidos às duras condições do deserto ficavam expostos a diversas doenças, principalmente as de pele. Os doentes, amedrontados, acabavam fugindo das pirâmides e eram chamados de tsara-ath. Esse fenômeno de fuga pode ser observado em muitos relatos, principalmente na Bíblia.

Assim, a palavra "lepra" designava toda e qualquer doença de pele, como psoríase, eczema, vitiligo, sarna, micoses etc. O grande preconceito, porém, recaía sobre os portadores de hanseníase, devido aos efeitos devastadores da doença. Os hansenianos, estigmatizados, freqüentemente eram abandonados pela família, expulsos das cidades e condenados a viver no exílio. Não só a exclusão social, como também a fome causavam mais mortes do que a própria doença.


A hanseníase tem esse nome em homenagem ao cientista Gerhard Hansen (1841-1912), que, em 1873, descobriu o bacilo causador da doença. 

A hanseníase é uma doença infecciosa de evolução crônica, tendo como agente etiológico o Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen, atinge a pele e o sistema nervoso, características peculiares a esta moléstia.


Como é transmitida?
A transmissibilidade do bacilo é feita através das vias aéreas. Somente com o contato interpessoal íntimo e prolongado com doentes das formas contagiantes (virchowiana ou diforma), há a possibilidade de transmissão, admitindo um período médio de incubação de dois a cinco anos. A infecção dificilmente acontece depois de um simples encontro social.
A aquisição da doença depende da resposta imunológica de cada pessoa, pois 95% dos indivíduos expostos desenvolvem uma infecção subclínica, devido a uma resposta imunológica bem-sucedida. Havendo assim um equilíbrio entre a capacidade invasora do bacilo e as defesas do hospedeiro.

Quando e onde surgiu?
Não há data correta para afirmar quando realmente surgiu a doença. Pode-se obter uma idéia de seus primeiros enfermos cerca de 600 a.C., na Índia, através de registros antigos. Depois da aparição dos sintomas de hanseníase, houve casos na China, estendendo-se até o Japão.
Após vários anos, acredita-se que a doença foi “levada” para outras localidades e continentes por soldados contaminados em época de guerras ou através de colonizações, sendo denominada elefantíase pelos gregos, e logo depois por lepra, na Idade Média, em que o paciente era isolado em pequenas cabanas. Na França Medieval os chamados leprosos eram considerados como mortos. Hoje, o Brasil é o segundo país do mundo em termos de maior prevalência da doença.

Hanseníase no Brasil 
Os primeiros documentos que atestam a existência da hanseníase no Brasil datam do fim do século XVII. Desde o século XVIII, foram construídos abrigos e hospitais para leprosos nas cidades que concentravam maior número de doentes.
Entre os anos de 1928 e 1936, houve uma propaganda oficial que mostrava colônias “maravilhosas” para persuadir os doentes à internação voluntária. A propaganda não explicava que as colônias ficavam em locais afastados da cidade, tinham muros, cerca de arame, portões trancados e guardas sanitários, os quais eram portadores de hanseníase em estágio pouco avançado, para capturar fugitivos e novos infectados - pretensão hipócrita de eliminar a doença no país.
Durante muitos anos houve isolamento compulsório dos doentes, com afastamento de profissões que lidassem com o público e separação de seus filhos logo após o nascimento. Em 1963, no VII Congresso Internacional de Leprologia realizado no Rio de Janeiro, foram apresentados vários trabalhos atestando os resultados ineficazes da política de isolamento e os bons resultados do tratamento ambulatorial dos pacientes, mas na prática, continuou o isolamento ainda por vários anos, situação essa que havia sido extinta no resto do mundo desde o final dos anos 50, com a clara eficiência do uso de diaminodiphenil sulfona (DDS) para o tratamento da endemia e o resultado insatisfatório do isolamento compulsório que não deteve a expansão do morbo.
O Brasil é o 2º maior em casos de Hanseníase, perdendo apenas para a Índia.

Por que não se extingue a Hanseníase no Brasil? 
De nada adianta ter recursos terapêuticos há mais de 20 anos dando resultados satisfatórios se não está acessível à população. Há mais de 30 anos o Hospital São Julião, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, vem resolvendo este problema de forma corajosa, ousada e eficiente. Como a União não deu mais assistência desde a abolição do isolamento compulsório, a Associação de Auxílio e Recuperação dos Hansenianos (AARH) tomou a briga na luta contra este inimigo invisível e, com as próprias mãos, transformou o hospital em referência mundial no tratamento de dermatoses. Triste afirmar que grande parte da ajuda financeira até hoje venha da Itália.
Assim, a dedicação de alguns profissionais, voluntários e de ONGs trouxe resultados satisfatórios, reduzindo, de forma significativa, o número de novos casos. Este fato, infelizmente, fez com que o governo se acomodasse e desse cada vez menos atenção para o investimento na erradicação da doença.
Precisa-se obter a consciência da luta contra esta enfermidade. Poucas pessoas sabem que o último domingo de janeiro há anos é considerado Dia Mundial do Doente de Hanseníase. Assim, não só neste dia, mas durante o ano inteiro, toda a população, juntamente com as autoridades governamentais, deveria refletir e buscar estratégias que colocassem o país, efetivamente, no rumo da eliminação desta doença.

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