28 de março de 2010

O olhar diferenciado na terceira idade


CHINA e JAPÃO

BRASIL

A velhice é sinônimo de sabedoria e respeito.

O fenômeno envelhecer é natural e inerente a toda espécie e tem sido preocupação da chamada civilização contemporânea.

Os idosos são tratados com respeito e atenção pela vasta experiência acumulada em seus anos de vida.

A família é o Porto Seguro do idoso.


Os familiares mais jovens declaram com orgulho os sacrifícios realizados pelos seus idosos em benefício da família, como a iniciação ao trabalho muito cedo com pouca instrução para o sustento e estudo dos filhos, demonstrando sempre alegria, festa e plenitude pela presença do idoso.

A cultura dessas sociedades tem como tradição cuidar bem, glorificar e reverenciar seus idosos, resultado de uma educação milenar de
dignidade e respeito.

Os japoneses consultam seus anciãos antes de qualquer grande decisão, por considerarem seus conselhos sábios e experientes.

Em outros grupos das sociedades antigas, o ancião sempre ocupava uma posição digna e era sinônimo de forte aspiração perante todos.

Os idosos têm intensa atuação nas decisões importantes de seus grupos sociais, especialmente nos destinos políticos.

Na antiga China, o filósofo Confúcio ( que viveu entre os anos 551–479 a.C) já apregoava que as famílias deveriam obedecer e respeitar ao individuo mais idoso.


Na tradição japonesa é festejado de forma solene o aniversário do idoso.

No Japão, o Dia do Respeito ao Idoso (Keiro no hi) é comemorado desde 1947, na terceira segunda-feira de setembro, mas foi decretado como feriado nacional apenas em 1966.

Trata-se de um feriado dedicado aos idosos, quando os japoneses oram pela longevidade dos mais velhos e os agradecem pelas contribuições feitas à sociedade ao longo de suas vidas.

Não se pergunta a idade a uma mulher jovem, mas sim às mais idosas, que respondem com muito orgulho terem 70 ou 80 anos, ao contrário do que se passa na sociedade brasileira, em que a partir de certa idade não se deve perguntar a idade a uma senhora para não causar constrangimentos, como terem-se muitos anos de vida fosse um motivo de vergonha ou ter-se algo a
esconder.

Na tradição japonesa, ao completar 60 anos, é permitido ao homem o uso de blazer vermelho, pois somente com seis décadas de vida há a
liberdade de usar a cor dos deuses.

No Brasil a cor vermelha é destinada para os mais jovens, à medida que os indivíduos envelhecem as cores destinadas são as mais claras,
pálidas, sóbrias, tristes.

Na sociedade chinesa é comum se encontrar anciãos, com 90/100 anos, fazendo diariamente
atividade física nos parques municipais.



RECOMENDAÇÕES:

Estreitar o relacionamento com as pessoas idosas próximas, ouvir e valorizar suas histórias de vida;

Conhecer mais sobre os aspectos sociais, econômicos, étnicos, culturais, legais e biológicos do envelhecimento na sociedade brasileira e repensar as atitudes/valores quanto ao idoso;

Desmistificar as causas de criação de mitos e falsos parâmetros a cerca da velhice no Brasil;

Investir nas crianças de um aos três anos, momento da constituição da personalidade, propiciando a aproximação das mesmas aos idosos e que pelo exemplo de cuidado, atenção e respeito de seus pais a essas pessoas, as crianças poderiam internalizar esses valores/atitudes, apoiadas pelas escolas, igrejas e grupos sociais;

Reconhecer a potencialidade laborativa dos idosos sua saúde, energia e criatividade;

Favorecer a inclusão social do idoso promovendo o sentido da sua existência;
.
Enfim, o envelhecimento deve ser visto como o alcance de certo patamar de desenvolvimento humano, indicado pela presença de papéis sociais e de comportamentos considerados como apropriados ao adulto mais velho, designando-lhe adjetivos como experiente, prudente, paciente, tolerante, ouvinte, e acima de tudo sábio.


A velhice é sinônimo de doença, morte, relacionada à idéia de usado, gasto, inútil, antigo, coisa que não presta, coisa que se joga fora, é segregado da família porque lembra a perda da beleza e a finitude.

A família que deveria ser o Porto Seguro do cidadão idoso termina automaticamente, vendo-o como um estorvo - indivíduo improdutivo.

A sociedade percebe o envelhecimento populacional, acarretando repercussões nos campos sociais e econômicos, uma vez que, os idosos estão passando a depender, de mais tempo, da Previdência Social e dos Serviços Públicos de Saúde.

A cor vermelha é para os mais jovens, à medida que os indivíduos envelhecem as cores destinadas são as mais claras, pálidas, sóbrias, tristes.

O Estado concede benefícios de forma precária às pessoas jovens, essa situação se agrava para os idosos, especialmente para os mais pobres, em virtude das aposentadorias e pensões irrisórias, e da exclusão do mercado de trabalho.

Ao idoso resta à alternativa da dependência familiar, estabelecida no Estatuto do Idoso (Brasil, 2003), Art. 3º, que diz: “[...] é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.

Como colocar em prática este “direito” se as famílias vivem em uma sociedade capitalista, que concebe o idoso como indivíduo improdutivo?

Ministério da Saúde - MS revelou que a violência e os acidentes constituem 3,5% dos óbitos de idosos.

MS aponta que a forma como os idosos são tratados determina o processo saúde-doença.

Anualmente, 93 mil idosos passam por internações no Sistema Único de Saúde (SUS) por causa de quedas (53%), violência e agressões (27%) e acidentes de trânsito (20%).

A idéia de idoso como classe social surgiu após a Revolução Industrial, quando se passou a determinar uma idade para que as pessoas parassem de trabalhar, justificada pela diminuição da produtividade.

Embora todo cidadão brasileiro, ao completar sessenta anos, seja oficialmente denominado idoso, não são todos os indivíduos que aceitam passivamente essa nomenclatura, motivados pelo preconceito, pelo receio de enfrentar um novo desafio, pela insegurança, entre outros argumentos.

A expressão terceira idade, criada na França, no final da década de 1960, para designar de forma aceitável o período da vida em que o indivíduo se afastava da vida produtiva e da maior parte dos papéis que caracterizavam a vida adulta, estabelecia assim a idade em que o indivíduo se aposentava, por volta dos 45 anos.

Entretanto, a associação ao termo terceiro mundo e à expressão terceiro estado da Revolução Francesa demonstra o preconceito existente, remetendo o indivíduo ao descartável, improdutivo e a não interessar mais ao capitalismo.

Assim, a vida adulta, de produtividade, seria a segunda idade, e a infância, improdutiva, mas com perspectiva de crescimento, a primeira idade.

A OMS classifica o envelhecimento em quatro estágios: a meia-idade, da faixa etária de 45 a 59 anos; o idoso, dos 60 a 74 anos; o ancião, dos 75 até 90 anos; e a velhice extrema, acima dos 90 anos.

O termo idoso é diretamente relacionado à velhice.

A aposentadoria tem sido a marca registrada da velhice e da inutilidade social, uma vez que a própria nomenclatura, isto é, ato de deixar o serviço ou atividade, reflete essa realidade claramente.

Aposentar-se, implica em uma mudança de papel na vida cotidiana, dentro e fora do núcleo familiar, levando às vezes, à perda da auto-estima, à diminuição dos ganhos econômicos e, freqüentemente, à manifestação de enfermidades psíquicas e físicas.

Estudiosos apontam à de seu valor social, apaga sua história e torna-o peça substituível no mundo da produção, restando aposentadoria como sendo desumana, pois sonega ao indivíduo grande parcela um sentimento vazio, silencioso e amargo pela perda dos vínculos com o trabalho, pelo desajuste em relação à família e pelo medo quanto ao futuro.

A sociedade ocidental e especificamente a brasileira direciona o aposentado/idoso a um estado de distanciamento da vida econômica, da vida social, do contato e da identidade vital e faz com que o indivíduo, economicamente, não exista ou exista apenas absorvendo recursos sem oferecer nada em troca.

Essa cruel lógica exclui o aposentado/idoso, pois, ele passa a ser ignorado e desprezado por não fazer parte do processo de produção e fora do consumo mercantilista, também, induz o próprio idoso, como defesa psicológica, a se autodiscriminar como alguém que já cumpriu suas tarefas na vida e não tem mais função alguma.

Assim, os desafios gradativamente cessam para os idosos e sem desafios, não há reações; sem reações, a existência perde o seu grande sentido. A cultura da velhice infeliz é aceita como natural, sendo permanente e sempre bem realimentada.

A desinformação sobre os aspectos sociais, econômicos, étnicos, culturais, legais e biológicos do envelhecimento na sociedade brasileira contribui para a criação de mitos e falsos parâmetros a cerca da velhice.

Fonte: SILVA, et al, 2009

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